quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Física de Aristóteles (2)

Como já foi dito, o conceito de movimento natural é central na física aristotélica. Aparentemente, esta noção é sofisticada, mas consiste apenas em dizer que certos corpos se movem normalmente de determinada maneira. É uma mera descrição, nada mais.

De acordo com Aristóteles, um corpo move-se quando a força que actua sobre ele é superior à resistência. Não conheço a definição aristotélica exacta de força ou resistência. Pelo que li, a resistência é uma propriedade ligada ao meio em que o corpo se move e a força que actua sobre um corpo depende do seu peso, provocando movimentos naturais. Ainda não sei bem como estas coisas funcionam nos movimentos violentos.

A velocidade, se a entendermos por velocidade média, é então proporcional à força e inversamente proporcional à resistência. v=kF/R. Esta equação até funciona bem para quedas em água, como na experiência já aqui descrita. Não será com certeza quantitativamente exacta, mas pelo menos é verdade que corpos mais pesados caem significativamente mais rápido do que corpos mais leves.

Contudo, funciona pessimamente para quedas no ar. Experimentemos deixar cair 2 corpos
no ar da mesma altura, escolhendo os corpos tal que um tenho o dobro do peso do outro. Não corpo mais pesado devia actuar o dobro da força, logo o corpo devia adquirir o dobro da velocidade e o tempo de queda devia ser metade do do corpo mais leve. Mas esta previsão falha redondamente, sobretudo para alturas pequenas.
Quanto aos céus e ao éter, a lengalenga é aparentemente a mesma: são magicamente constituídos por éter, que magicamente faz que os corpos que constitui se movam circularmente. Não conhecemos o éter, não o podemos tocar, cheirar ou ver. É uma substância deveras conveniente!

Li também que o éter é incorruptível e que os corpos celestes por se moverem circularmente são perfeitos, não se sabendo bem porquê nem o que é a perfeição. Parece-me mais um infeliz tique místico dos sábios antigos, aparentemente comum. Costumamos julgar saber mais do que realmente sabemos.

Sei pouco sobre o sistema aristotélico mas gostava de saber mais. Infelizmente, só encontrei um livro que aborda o assunto em 50 páginas. Terei de procurar melhor. Algum leitor mais informado conhecerá bibliografia relevante sobre o assunto?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A física de Aristóteles; um primeiro contacto

Aristóteles acreditava que a matéria era constituída por 5 elementos: ar, terra, fogo, água e éter. Esta crença foi essencial no estabelecimento da sua teoria da dinâmica.

Analisemo-los. Deixemos o éter de parte, trata-se de um elemento bastante peculiar. Aristóteles conjecturou que os outros 4 possuíam movimentos naturais de acordo com o seu peso. O fogo era o mais leve e movia-se para cima; o ar, um pouco mais leve, movia-se naturalmente para cima também, embora tivesse menos tendência do que o fogo; a água, mais pesada, para baixo; a terra, a mais pesada de todos os elementos, era a que “caía” mais.

De acordo com Aristóteles, uma força era aquilo que provocava um movimento violento, aquele que é distinto de um movimento natural, como o movimento de uma seta, ou de uma bola de futebol.

O filósofo partiu de pressupostos errados. É falso que só haja 5 elementos. É falso também que os corpos se movam naturalmente para cima ou para baixo conforme o seu peso. Esses são na verdade movimentos violentos, contra-intuitivamente. Com o telescópio pôde-se olhar o céu e descobrir que os movimentos naturais dos corpos são rectilíneos uniformes, ou nulos, de acordo com a 1ª lei de Newton.