sábado, 24 de outubro de 2009

À roda, à roda

Muitos manuais de história contêm o lugar comum de que a aceitação do heliocentrismo só foi espinhosa por causa de uma igreja ultrapassada, retrógrada e inimiga da ciência. É como se Copérnico e Galileu tivessem facilmente descoberto que a Terra se move, sem margem para dúvidas, e todos os geocentristas fossem clérigos balofos sedentos de poder e sem escrúpulos. As coisas não foram assim tão simples. Embora errada, a física de Aristóteles que imperou mais de 1000 anos é plausível e compreende-se por que a nova física de Newton e Galileu causou tanta polémica.

Um argumento poderoso a favor da Terra imóvel é o "dos pássaros". Imagine o leitor um pássaro a descansar no seu ninho enquanto a Terra se move. O pássaro repara numa lesma apetitosa a poucos metros e decide levantar voo já contente por tão saborosa refeição. Só que o pássaro confiante não se recordou que a Terra se move, e move-se muito rápido. Logo que levanta voo o pobre pássaro vai ficando mais para trás e a lesma mais e mais longe. É que a Terra roda no mesmo sentido que o ingénuo pássaro, só que muito mais rápido. Tudo como se um cavaleiro decidisse desmontar para perseguir um caracol... a cavalo. O caracol montado no seu cavalo é mais rápido do que o cavaleiro a pé, da mesma forma que a lesma em cima da Terra pujante é mais rápida do que o pássaro confiante.

Esta situação implausível parece decorrer do facto de a Terra se mover. O movimento da Terra também dificulta a explicação dos céus. É que se a Terra se move, das duas uma: ou as nuvens se movem também, e o vento é insuportável; ou as nuvens não se movem e vemos um céu diferente cada dia.

Será mesmo que a Terra se move?

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