segunda-feira, 29 de março de 2010

PREDECESSORES DE GALILEU - II

Não há prova de que os homens do séc. XVI tenham aferido os seus resultados como Galileu o fez, para averiguar se se apropriavam ao mundo real da experiência. Para estes Homens, o exercício lógico de mostrar a “regra da velocidade média” era em si mesmo uma experiência aceitável. Os cientistas do século XVI, tanto quanto sabemos, nunca cultivaram a possibilidade de dois corpos de pesos distintos caírem praticamente no mesmo tempo.

Um outro conceito medieval essencial para o entendimento do pensamento científico de Galileu é o impetus. Esta é uma propriedade que se supôs manter objectos, como os projécteis, em movimento após terem deixado o “projector”. O impetus assemelha-se ao mesmo tempo à quantidade de movimento e à energia cinética e, na realidade, não tem equivalente exacto na dinâmica moderna. Era um remoto antecessor da concepção de inércia de Galileu e a partir deste momento desenvolveu-se, por sua vez, o actual ponto de vista newtoniano.


Foi Galileu que, pela primeira vez, mostrou como determinar o complexo movimento de um projéctil em duas componentes disjuntas e desiguais – uma uniforme, outra acelerada – e foi também Galileu, quem pela primeira vez, submeteu as leis do movimento à prova do rigor de ensaios e provou que podiam ser aplicadas ao mundo da fenomenologia.


Se esta parece ser obra de escassa utilidade, e inteiramente lógica para indivíduos com alguns saberes da física actual, é necessário lembrar que os princípios que Galileu careceu e empregou como parte da física, mais que como parte da lógica, só foram sabidos a partir de meados do século XIV, e mais ninguém, no espaço de 300 anos, foi capaz de apreender como relacionar tais abstracções com o mundo da natureza. Talvez aqui se verifique melhor o carácter específico deste génio, que combinou o ponto de vista matemático do mundo, com aspectos empíricos obtidos pela observação, experiência crítica e verdadeira experimentação.

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