domingo, 7 de março de 2010

Sidereus Nuncius - IV

JUPITER E OS 4 PLANETAS

Galileu designou aos corpos que tinham sido recentemente descobertos “estrelas dos médicis” ao que nós hoje denominamos como luas ou satélites de Galileu.

[No tempo de Galileu quase todos os objectos celestes eram chamadas estrelas, quer fixas quer errantes.]

Os primeiros juízos segundo os quais devia tratar-se meramente de algumas estrelas novas nas contiguidades de Júpiter foram postos de lado quando Galileu observou que estes corpos, recentemente descobertos, acompanhavam o movimento de Júpiter. As supostas estrelas acompanhavam a sua deslocação retrógrada e directa. Umas eram vistas a poente, outras a nascente mas nunca muito distanciadas do planeta. Era claro para Galileu que estavam relacionadas com Júpiter. Conjuntamente, foi possível demonstrar que as grandezas relativas das suas órbitas em redor de Júpiter eram discrepantes e que os seus períodos de revolução eram também desiguais.



Júpiter é um modelo, em escala reduzida, de todo o sistema Copernicano no qual quatro pequenos corpos se movem em redor de um planeta tal como os planetas se movem à volta de um luminoso Sol, respondendo assim a uma das maiores impugnações ao sistema Copernicano. Galileu não podia mover a órbita de Júpiter sem perder os seus quatro satélites circundantes, nem tão pouco podia explicar porque é que a Terra se podia mover no espaço e não perder a sua lua.


Quem conhecesse o motivo ou não, era inteiramente trivial que, se em todos os sistemas do mundo que até então haviam sido formados, Júpiter se deslocasse numa órbita e se agora o fazia sem perder quatro luas, porque não podia a Terra mover-se através do espaço sem perder uma só lua. Além disso, se Júpiter tinha quatro luas, a Terra já não se podia considerar única por ter uma lua. Por outro lado, ter quatro luas era mais inquietante, por certo, que ter uma só.

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